22 de fevereiro de 2007

hoje

Hoje acordei quando o sonho me chamava,
hoje levantei-me quando a cama me aliciava,
hoje o dia começou cinzento,
hoje o meu pensamento era ainda mais lento.

Hoje para o carro fui a dormir,
hoje sem despertar tive de conduzir,
hoje para as aulas fui devagar,
hoje o código fui levantar.

Hoje a aula passou a correr,
sem que alguma coisa ficasse a saber,
hoje a casa vim almoçar,
com a família o café fui tomar.

Hoje a piscina estava em tratamento,
hoje na água parecia um jumento,
devagar, lentamente, continuava teimoso,
e o meu corpo estava nada formoso.

Hoje ficaram a lacrimejar os meus olhos,
nem sei se o cloro era aos molhos,
a prof diz que para os olhos arder,
o nível do cloro na água tem de descer.

Hoje também fui qualquer coisa lanchar,
quando cheguei foi só me sentar,
hoje comemos lá na cozinha,
veio a Fintas para não ficar sozinha.

Hoje também passei pelas brasas,
já estava a sonhar que tinha ganho asas,
hoje também vi o benfica a perder,
mas no fim também o vi vencer.

Hoje ainda vou eu para o treino,
é como se cuidadesse de um grande reino,
hoje o dia ainda é uma criança,
talvez pactue uma grande aliança.

Hoje apeteceu-me escrever em rima,
penso que está desde lá cima,
não vou ser avaliado, quero lá saber,
hoje escrevi só pelo prazer!

21 de fevereiro de 2007

como eu vejo

"Finalmente, o telefone. De um salto, Raimundo Silva levantou-se, a cadeira empurrada para trás oscilou e caiu, e ele já ia no corredor, um pouco à frente de alguém que o observava sorrindo com suave ironia. Quem nos diria, meu caro, que tais coisas viriam a acontecer-nos, não, não me respondas, é perda de tempo dar troco a perguntas retóricas, várias vezes falámos disso, vai, vai, eu sigo-te, nunca tenho pressa, o que algum dia tiver de ser teu, meu há-de ser, eu sou sempre aquele que chega depois, vivo cada momento vivido por ti como se de ti respirasse um perfume de rosas apenas guardado na memória, ou, menos poeticamente, o teu prato de hortaliça e feijão branco, onde em cada instante a tua infância renasce, e não o vês, e não quererias acreditar que se fosse preciso dizer-to. Raimundo Silva lançou-se sobre o telefone, num segundo de dúvida pensou, E se não é ela, era ela, Maria Sara, que lhe dizia, Não o devia ter feito, Porquê, perguntou ele, desconcertado, Porque a partir de hoje não poderei não receber rosas todos os dias, Nunca lhe faltarei com elas, Não me refiro a rosas rosas, Então, Ninguém deveria poder dar menos do que deu alguma vez, não se dão rosas hoje para dar deserto amanhã, Não haverá deserto, É só uma promessa, não o sabemos, É verdade, não o sabemos, eu também não sabia que lhe mandaria duas rosas, e você, Maria Sara, por seu lado, não sabe que duas rosas iguais a essas estão aqui, num solitário, sobre a mesa onde há umas folhas escritas com uma história de um cerco que nunca aconteceu, ao lado duma janela que dá para uma cidade que não existe tal qual a vejo (...)"

José Saramago - História do Cerco de Lisboa

17 de fevereiro de 2007

despertar


são os momentos. é o que sinto, aqui e agora.
palavras fortes são ditas, umas vezes próximas, outras distantes.
e procuro... saber sempre o porquê (???).
é o meu caminho, é a minha busca, são os meus sentimentos.
os nossos sentimentos...
não há limites.
estou a despertar neste entardecer!...

12 de fevereiro de 2007

e quem ganhou?

não se admite. outra vez...

como é possível ganhar a abstenção?

enfim, são as pessoas que temos... eu VOTEI!... como faço sempre. e faço-o como direito e dever!
ganhou a abstenção.
o português diz: "a mim tanto me faz, decide tu..."
eu faço parte dos cerca de 40% que votaram... e tenho orgulho nisso.

quanto ao referendo... parece qu o sim ganhou (???).
next level? russia!...

8 de fevereiro de 2007

dez semanas, sem direitos


é assim... se a despenalização for avante, quais serão os direitos do abortado? nenhum. não tem capacidade de escolha, não tem a decisão da sua vida!... porque se dessem a qualquer um de nós a escolher entre a possibilidade de existir, ou a de nunca ter existido, acredito que todos nós responderiamos "VIDA".

então, como é possível afirmar que este é uma questão que apenas diz respeito à mulher?

a pergunta que vai a referendo é esta:


"concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

jamais poderia ser "por opção da mulher"!... jamais poderia ser por opção de alguém!

por isso disse e continuo a dizer...

vou votar NÃO.

6 de fevereiro de 2007

pensas votar o quê?

eu só peço a Deus que me deixe viver!...


1 de fevereiro de 2007

CAN

o que é o Amor de um pai?