11 de agosto de 2020

Sorte aos turnos

A vida vai andando, 
as pessoas vão passando, 
mas cá dentro vou lembrando 
tudo o que acontece.

Podem estar como se nada fosse,
com discurso leve e doce,
mas é como a tosse,
persistente que não desaparece.

Seus erros eles esquecem
e como sonhos se desvanecem,
achando que merecem
toda a minha consideração. 

Mas esse engano me faz rir,
pois no meu sentir
eu só quero abolir
a sua opinião.

Podem nem tocar no assunto,
nem com desculpas vir junto,
é um acontecimento defunto,
como se não tivesse acontecido.

Sinto, sou filho de boa gente,
mas já me é indiferente,
faço silêncio todo contente,
distância e fico agradecido.

4 de agosto de 2020

no final da vida...

"desço as escadas, paro... viro-me... estás lá, realmente não pode ter sido apenas um sonho! e realmente não foi. isso faz-me sorrir!... porque eu também sorrio... os meus lábios, os meus olhos, as minhas rugas, o meu coração... sou um velho, mas ainda sou a criança que fui, a criança que busquei ser. aqueles momentos de inocência que antecedem uma ânsia crescente de querer mais (ou pelo menos tanto) estão presentes quando fecho os olhos e relembro tudo o que vivi... sem pena, sem mágoa, sem tristeza. apenas a minha liberdade de ser e sentir"