22 de janeiro de 2007

"bloco"

nem a propósito do meu post, de tarde passei em sta catarina e o bloco de esquerda estava a distribuir folhetos pela campanha pelo sim ao referendo... começa logo pela questão partidária!... eu pedi logo uma das folhas... amarrotei-a!... mas depois achei que devia ler.. e li.
vou então transcrever o que lá dizia, comentando, claro:

"o não quer a todo o custo manter a actual lei:
três anos de prisão para a mulher que abortou (não é isso que o MEU não quer dizer, antes que sou contra a despenalização voluntária do aborto, contra o atentado à possibilidade de uma vida humana).
o não quer manter tudo na mesma: o aborto clandestino em portugal e, para quem tem dinheiro, uma viagem a espanha (o MEU não é contra o aborto, seja legal ou clandestino, excepto nas situações previstas pela lei).
o não faz uma campanha milionária para recusar que o estado apoie as mulheres mais pobres. acha que se resolve a questão ameaçando-as de prisão (o MEU não não faz campanha milionária - o que são estes folhetos? foram de graça para o sim? e os outdoor's então? 2 do sim, para cada um do não... ajudar as mulheres mais pobres dizendo "fode. se engravidares, aborta-se..."?).
o não junta pessoas que são contra o planeamento familiar, contra o direito a usar contracepção e contra a educação sexual (errado. eu sou a favor do planeamento familiar, da contracepção e da educação sexual... que uma vez bem feita não justifica a despenalização voluntária da gravidez. e se falam da igreja, começam mal com os argumentos).
o não enche as caixas de correio com fotografias ameaçadoras e manipuladas. mas o país já percebeu que, no boletim de voto, só sobrará uma questão: chegou a hora de acabar com a perseguição e o julgamento de mulheres por aborto (que fotos ameceadoras? e manipuladas? e que dizer das fotos que o sim usa? mulheres a caminho de julgamento... não são ameaçadoras? e na hora de voto, uma pessoa já deveria ter pensado bem na questão que sobra: sou a favor ou contra a despenalização voluntária da gravidez até às 10 semanas? porque também não se pode esquecer que depois das 10 semanas continua a ser crime...)?

o voto sim respeita as mulheres (???) porque não é a lei criminal que deve decidir quando é que uma mulher tem uma gravidez (pois não, a lei apenas diz quando não a pode interromper... e se a mulher não quer engravidar pode sempre tomar precaussões antes das relações).
o voto sim respeita as mulheres (???) porque acaba com a perseguição e com a humilhação (só se não forem perseguidas por não ser crime... quanto à humilhação, acho que a própria mulher sente mais de si mesma do que as outras pessoas).
o voto sim quer uma lei igual à dos outros países europeus, que promove a informação e a responsabilidade das pessoas (responsabilidade? o facto de se poder abortar quando bem apetece faz diminuir a responsabilidade de tratar de outra pessoa, "salvaguardando" as costas de quem não tem responsabilidade e faz as coisas sem pensar. e promover a informação é ANTES das relações e não depois).
o voto sim exige que o serviço nacional de saúde apoie as mulheres que querem interromper a gravidez, porque esse não pode ser um privilégio da riqueza. o sim promove informação dos casais e o direito à contracepção, para evitar o recurso ao aborto (aconselhamento e planeamento familiar de casais existe, a informação está a avançar. e se isso evita o "recurso ao aborto" para quê despenalizá-lo? e como financiar o serviço nacional de saúde que já anda mal?).
o voto sim junta homens e mulheres de todas as opiniões, que querem acabar com os 3 anos de prisão para as mulheres (o MEU não também me reúne com as minhas opiniões, mas se uma mulher comete um crime, tem de pagar, certo?)

portugal vai acertar o relógio com o seu tempo. e vai dizer sim de vez (porque se ganhar o não, daqui a 4 anos temos outro referendo...).

desde o último referendo, centenas de mulheres investigadas por crime de aborto.
segundo o ministério da justiça, desde 1998 nos distritos de lisboa, porto, setúbal, aveiro, faro e santarém, houve 223 pessoas que foram investigadas pela polícia por crime de aborto. dessas, 37 foram julgadas e 17 condenadas. só 9 viram a sua pena ser substituída por multa ou pena suspensa. houve 18 mil mulheres que abortaram no último ano. a lei actual exige que todas sejam julgadas e condenadas (como a informação é enganadora, pergunto: quantas dessas 18 mil mulheres tiveram um aborto expontâneo e REALMENTE queriam que o seu filho nascesse? tudo por causa de 17 condenações? quantas dessas são as que abortaram? ou serão quem fez os abortos e como tal, extorquiu dinheiro a essas mulheres?)."

deixei a minha opinião...

e continuo a dizer:

eu sou contra a despenalização voluntária da gravidez.

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